Tarde de cinema e sms

sábado, 31 de janeiro de 2009

O mau tempo tem esta virtude de nos levar para dentro de casa, para dentro de nós. Chuva, vento, frio, tudo lá fora, mas cá dentro há calor e cigarrilhas, e chá e jornais de fim-de-semana, livros para acabar, filmes para ver e sms que nos ligam ao mundo e às pessoas que amamos mesmo quando elas, justificadamente, nos fazem sentir como o último homem na terra.
Três filmes, três. Austrália, bilhete postal burocrático e previsível. Nixon/Frost, um daqueles objectos de prazer para quem acha que emoção rima com poder, e para quem ainda se comove com a queda de um homem que julgou ser forte mas que nunca deixou de ser um rapazinho quaker. Muito se fala do papel de Michael Sheen mas é Frank Langella quem rouba a cena. O momento em que confessa que desiludiu os americanos, o close up da decepção, mostra um actor superlativo. E a cena final, em que Nixon segura nas mãos os sapatos italianos que representam o fim do seu mundo, é de antologia,
E depois há Wrestler. E depois há Mickey Rourke. O tema, a violência, a insanidade da luta livre vão afastar muita gente deste filme, e é pena. Ainda não vi Sean Penn em Milk (mas se a fortuna me bafejar pode ser que já não falte muito), mas já vi Brad Pitt em Jeremy Button. E por muito respeito que mereça Pitt e o esforço honesto que fez para que o levemos a sério, estamos a falar de outro campeonato quando a comparação é feita com Rourke. Porque Rourke tem uma vantagem: para ser Ram, o lutador acabado que procura uma segunda oportunidadde mas que acaba por falhar a redenção, não precisa sequer de representar - basta-lhe respirar, cambalear, falar com voz enrouquecida. Basta-lhe ser. Porque Ram é Rourke e Rourke é Ram. Com mais ou menos operações plásticas, com mais ou menos tatuagens, com mais ou menos cicatrizes, das que se vêem e das outras. É o papel de uma vida. O Óscar vai-lhe escapar, certamente, mas esse é o epílogo desta história. Está escrito nas estrelas.
E depois há a música extraordinária de Bruce Springsteen...

1 comentários:

Anônimo disse...

Grande regresso ao Blog.
E grande música.
Fez-me pensar que quando o grande Bob Dylan se for, ainda teremos algo parecido...
Abraço, Rui.
Svieira