O mau tempo tem esta virtude de nos levar para dentro de casa, para dentro de nós. Chuva, vento, frio, tudo lá fora, mas cá dentro há calor e cigarrilhas, e chá e jornais de fim-de-semana, livros para acabar, filmes para ver e sms que nos ligam ao mundo e às pessoas que amamos mesmo quando elas, justificadamente, nos fazem sentir como o último homem na terra.
Três filmes, três. Austrália, bilhete postal burocrático e previsível. Nixon/Frost, um daqueles objectos de prazer para quem acha que emoção rima com poder, e para quem ainda se comove com a queda de um homem que julgou ser forte mas que nunca deixou de ser um rapazinho quaker. Muito se fala do papel de Michael Sheen mas é Frank Langella quem rouba a cena. O momento em que confessa que desiludiu os americanos, o close up da decepção, mostra um actor superlativo. E a cena final, em que Nixon segura nas mãos os sapatos italianos que representam o fim do seu mundo, é de antologia,
E depois há Wrestler. E depois há Mickey Rourke. O tema, a violência, a insanidade da luta livre vão afastar muita gente deste filme, e é pena. Ainda não vi Sean Penn em Milk (mas se a fortuna me bafejar pode ser que já não falte muito), mas já vi Brad Pitt em Jeremy Button. E por muito respeito que mereça Pitt e o esforço honesto que fez para que o levemos a sério, estamos a falar de outro campeonato quando a comparação é feita com Rourke. Porque Rourke tem uma vantagem: para ser Ram, o lutador acabado que procura uma segunda oportunidadde mas que acaba por falhar a redenção, não precisa sequer de representar - basta-lhe respirar, cambalear, falar com voz enrouquecida. Basta-lhe ser. Porque Ram é Rourke e Rourke é Ram. Com mais ou menos operações plásticas, com mais ou menos tatuagens, com mais ou menos cicatrizes, das que se vêem e das outras. É o papel de uma vida. O Óscar vai-lhe escapar, certamente, mas esse é o epílogo desta história. Está escrito nas estrelas.
E depois há a música extraordinária de Bruce Springsteen...
Tarde de cinema e sms
sábado, 31 de janeiro de 2009
Postado por Rui Baptista às 23:56 1 comentários
Macho Alfa Pendular
Bom título para um romance sobre um homem assim-assim: Macho Alfa Pendular
Postado por Rui Baptista às 21:02 0 comentários
Boys don't cry
domingo, 25 de janeiro de 2009
Grant Lee Phillips, alma dos Grant Lee Bufalo, foi aos 80 buscar estas músicas que embalaram a minha vida. Fica aqui um cheirinho, Boys don't cry (Cure) provavelmente a canção mais fácil de Nineteeneighties, mas há mais coisas boas: City of Refuge" do Nick Cave e "Age of Consent" dos New Order. Mas também "So. Central Rain (I´m sorry)" dos REM (do Automatic For The People, 1992). E "The Killing Moon" dos Echo & the Bunnymen. Desde Cat Power que um disco de covers não me dava tanto prazer.
Postado por Rui Baptista às 01:34 0 comentários
Big picture
sábado, 24 de janeiro de 2009
O estranho mundo de Benjamin Button é um daqueles filmes feitos à medida dos Óscares. De uma beleza plástica impressionante e recorrendo a técnicas que nos espantam, sobretudo na parte em que o velho/novo Brad Pitt descobre o mundo com a ajuda de uma bengala e óculos de míope. Tem um lado Forrest Gump, que infantiliza o espectador, como quando o foguetão se recorta no céu, direitinho à lua, deixando cá em baixo Cabo Canaveral.
Por vezes é lamechas quase no limite do suportável, noutras é de uma sobriedade elegantérrima. Gostei sobretudo de um pedacinho: quando Blanchet dança à beira do lago, em contraluz, com um halo de nevoeiro e iluminada pelo reflexo da lua nas águas mansas. É um daqueles momentos que definem um filme - e que nos transmitem a certeza de que há mais mundo do que a nossa vidinha.
Postado por Rui Baptista às 03:10 0 comentários
Saudades do sol
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
P.f. meta o dedo no ar quem já está farto de frio, chuva e dias cinzentos.
Postado por Rui Baptista às 09:52 1 comentários
Como Deus manda
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Na grande confusão
deste medo
deste não querer saber
na falta de coragem
ou na coragem de
me perder me afundar
perto de ti tão longe
tão nu
tão evidente
tão pobre como tu
oh diz-me quem sou eu
quem és tu?
(A. Ramos Rosa)
Postado por Rui Baptista às 22:28 0 comentários
Música para os dias de frio
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Postado por Rui Baptista às 15:47 1 comentários